Aveiro vive aquela que é a sua festa mais popular e que vai sendo, cada vez mais, motivo de atracção de turista.
Por terras aveirenses costuma dizer-se que as festividades natalícias só acabam depois de terminada a festa em honra de São Gonçalinho - evento cuja “imagem de marca” é o lançamento de cavacas do alto da capela consagrada a este santo -, ou seja, por ocasião do dia 10 de Janeiro. São vários dias de festa “rija”, centrada no bairro histórico da Beira Mar, e que atraem cada vez mais pessoas de outros pontos do país e, também, de além-fronteiras. Isso mesmo foi confirmado ao PÚBLICO por vários responsáveis de unidades hoteleiras e de restauração da cidade. A maioria fala num aumento de reservas e faz votos de que esta seja uma tendência para manter.
Carla Santos, proprietária do Hotel das Salinas, assegura que a sua unidade hoteleira está, neste fim-de-semana de São Gonçalinho, “quase lotada”. “Nos últimos dois anos, verificámos que são os turistas nacionais, sobretudo de Lisboa, e os internacionais, provenientes de França e Bélgica, que mais valorizam esta tradição”, testemunha. Carla Santos refere, ainda, ter “alguns clientes” já lhe pedem “para comprar cavacas para terem a certeza que podem participar na festa”.
Também no Hotel Moliceiro estas festividades são sinónimo de um acréscimo de reservas. “Estamos a falar de um aumento de 10% e são, sobretudo, pessoas que têm familiares ou amigos de Aveiro e querem vir participar da festa”, nota Cristina Durães, directora desta unidade de quatro estrelas.
Já no Meliã Ria, por ora, a festa popular aveirense ainda não conseguiu produzir efeitos no número de dormidas. “A única coisa que temos é um evento, no restaurante, de uma família que aproveita sempre esta data para se juntar”, declara Ana Gouveia, sem deixar de fazer votos para que, no futuro, o São Gonçalinho venha a trazer ainda mais proveitos para o hotel que dirige.
Ao nível da restauração, o aumento de clientela e de serviço parece ser ainda mais sentido. Maria Soares tem três restaurantes, todos eles situados no bairro da Beira Mar, em pleno coração da festa, e garante que as três casas estão já esgotadas, com reservas, nas noites deste fim-de-semana e “com boas perspectivas para segunda e terça-feira”. “Num dos casos, por exemplo, a pessoa que está a organizar o jantar é de Aveiro mas os convidados são de fora, de outras cidades”, testemunha a proprietária dos Porta 35, Porta 36 e À Portuguesa, evidenciando que “esta é também uma festa que atrai os muitos aveirenses que estão fora, fazendo-os regressar à sua terra de propósito para o São Gonçalinho”.
A festa, organizada pela Mordomia de São Gonçalinho – em parceria com a câmara de Aveiro -, arrancou esta sexta-feira, com a promessa de ter a ajuda do São Pedro até ao fim (as previsões são de bom tempo). Até terça-feira, são atiradas toneladas de cavacas (doce coberto de açúcar) a partir do alto da capela, um ritual que serve para os devotos pagarem as promessas feitas ao santo que, em Aveiro, é tratado como “santinho” ou “menino”. E enquanto uns atiram cavacos, outros, quase sempre às centenas, juntam-se no largo da capela para apanhar as cavacas, cumprindo uma tradição que tem atravessado gerações.
E, ainda que esta seja a vertente mais popular dos festejos, o programa vai muito para além da tradição das cavacas. O cartaz também integra uma componente religiosa, bem como concertos musicais - na noite deste sábado, há concerto com os Amor Electro, a partir das 22h -, eventos desportivos e fogo-de-artifício (todas as noites). Tal como manda a tradição, o programa de segunda-feira, dedica a manhã aos mais novos, com o habitual São Gonçalinho das Escolas.
Também inserido nas festividades do padroeiro do bairro da Beira Mar, está a decorrer o “Aveiro Sabores com Tradição”, um festival gastronómico que mobiliza mais de 30 restaurantes locais - os estabelecimentos participantes estão assinalados com uma bandeirola identificativa do evento na porta.
Fonte: Fugas
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