terça-feira, 28 de maio de 2019

Um guia para cumprimentar alguém em todo o mundo

 de Tyler Moss - adaptado da CN Traveller

A origem do beijo na bochecha, e como evitar dar um faux pas social onde quer que esteja.

Ao contrário de um simples aperto de mão ou abraço, as circunstâncias que justificam o beijo diferem de cultura para cultura: em Espanha, é comum dar um beijo em cada bochecha; em algumas partes do Afeganistão, costuma-se beijar até oito vezes. Assim percebemos que os beijos na bochecha são mais arte do que ciência. Para os viajantes, uma compreensão básica de como isto funciona é essencial - porque o movimento errado pode ofender alguém. Abaixo segue um guia para evitar que seja apanhado desprevenido com um beijo de um local bem-intencionado.

by rawpixel on Pixabay


As origens

No seu novo livro "One Kiss or Two: In Search of the Perfect Greeting", Andy Scott especula sobre a origem da tradição do beijo na bochecha, e remete para o beijo na boca sagrado que está enunciado na Bíblia.
Com o tempo, é possível que esta saudação tenha evoluído para um beijo na bochecha, o que explicaria o porquê de este ser tão popular nos países católicos. Apesar desta prática ser comum também em sítios como o Médio Oriente e a Ásia, é omnipresente na América Latina e na Europa Continental.
Scott diz que este era um costume camponês, que foi adoptado pelas elites quando as classes mais baixas começaram a migrar para as cidades.


A teoria
Não só é importante saber em que ocasião terá de virar as bochechas, mas também perceber quantos beijos esperar. Só na França, o número de beijos varia de região para região, de acordo com uma pesquisa feita em 2014 a 100.000 cidadãos: os parisienses consideram que a norma são 2 beijos, em Provença são 3, e no Vale do Loire são 4. Aqui está o número habitual em alguns países:
Um beijo: Colômbia, Argentina, Chile, Peru, Filipinas
Dois beijos: Espanha, Itália, Grécia, Alemanha, Hungria, Roménia, Croácia, Bósnia, Brasil (apesar de, como na França, o número poder variar de região para região) e alguns países do Médio Oriente (excepto quando é um cumprimento entre sexos diferentes)
Três beijos: Bélgica, Eslovénia, Macedónia, Montenegro, Sérvia, Holanda, Suíça, Egipto e Rússia (acompanhado com um abraço apertado)


A prática
Um beijo, pelo nome, tem diferenças encantadoras - chama-se el beso em Espanha, beijinhos em Portugal, beijos no Brasil e beso beso nas Filipinas - mas a logística é simples: tocar a sua bochecha direita na da outra pessoa antes de se mover para o outro lado. A principal excepção é a Itália, que inicia o beijo pelo lado esquerdo.
Enquanto algumas culturas aplicam mesmo os lábios nas bochechas, é melhor abster-se disso. Em vez disso, toque com as bochechas e beije o ar – com um som suave, e não o bombástico muah! – evitando qualquer troca de saliva. Porquê?
“Alguns diriam por causa do batom”, diz Scott. “Outros diriam para evitar a propagação de germes”. De facto, em 2009, O The Telegraph relatou que muitas instituições francesas proibiram, temporariamente, os beijos na bochecha, para evitar o surto de gripe suína H1N1.


Alguns cuidados
Na América Latina, é normal cumprimentar alguém que acaba de conhecer com um beijo, sendo isso equivalente a um aperto de mão na América do Norte.
“Estranhamente, há uma correlação inversa (em muitos lugares) entre o número de beijos e o quão próximo e íntimo você está com essa pessoa”, diz Scott. “É como se o segundo beijo, de alguma forma, anulasse o significado do primeiro beijo. Em vez de ser um sinal de intimidade, é como um ritual.”
A dinâmica de género também é considerada importante. Na Europa e na América Latina, cumprimentos com beijos entre mulheres e mulheres, e entre mulheres e homens é amplamente aceite. Por outro lado, beijos entre homens e homens não são tão comuns, ocorrendo em lugares como a Argentina, a Sérvia e o sul de Itália. Como seria de esperar, beijos entre homens e mulheres são desaprovados em regiões mais conservadoras, enquanto que um beijo na bochecha entre homens é bem-vinda.
Com estas armadilhas já reveladas, Scott encoraja os viajantes a deixarem-se ir, mesmo no risco de darem um passo em falso.

terça-feira, 21 de maio de 2019

Raquel à descoberta do Uzbequistão - Parte 2


Olá gente, isto é que é ser agente de viagens
É difícil cá entrar, que os formalismos são à moda russa. Mas compensa.
Não há conservadorismo islâmico à vista. Nem vislumbres de qualquer insegurança.

Photo by Raquel Ribeiro

Khiva é uma antiga cidade murada lindíssima com aqueles azulejos azuis feericos das 1001 noites. A comida é surpreendentemente saborosa e variada, com umas sopas e saladas bem boas. Os pratos começam em 1€, 1,5€.
As pessoas são caladinhas, até os vendedores. Apesar da beleza do cenário, há relativamente pouco turismo. Consegue-se apanhar estas ruas históricas vazias de manhã cedo e ao fim da tarde. 

Photo by Raquel Ribeiro

O nosso guia Marat é excelente. Até nos levou a um palácio que estava fechado ao público.
O único senão para o negócio, que talvez seja o que mantém as hordas ao largo, é que os hotéis são fracos para o standard dos nossos clientes mais exigentes. Mas parece que este novo presidente vai permitir investimento estrangeiro e acredito que tudo mude. Para melhor e pior, claro.
Quando tiver bons hotéis, vai ser um estupendo destino de lua-de-mel, porque há ligações aéreas à Tailândia, Malásia e Singapura. Em termos de romantismo dos cenários é fantástico. 
Mas ainda tem muito que aprender no resto.

Beijos orientais.

Photo by Raquel Ribeiro

PS - agora quando a minha amiga madeirense me diz que a Madeira tem tudo, já posso responder que o Uzbequistão também :-D 

terça-feira, 14 de maio de 2019

Raquel à descoberta do Uzbequistão - Parte 1


Tem quase tudo para o destino ser um sucesso.

Photo by Raquel Ribeiro

É seguro, não tem conservadorismo islâmico (as raparigas andam de minissaia), as pessoas são simpáticas e calmas, há boas ligações aéreas internas e em breve haverá comboio de alta velocidade. A comida é parecida com a nossa, com boas sopas e guisados, sem picante, o artesanato é de extraordinária qualidade, o inglês é bem falado pelas profissões do turismo, o serviço tem qualidade, os vendedores não são agressivos, há limpeza. 

Photo by Raquel Ribeiro

Mas tem um grande handicap, que é a hotelaria. Tanto os mais tradicionais como os modernos usam um mobiliário e coisas como candeeiros que fazem fugir. Não há bom gosto. Em vez de irem aos mercados e usarem os bordados e tapetes que têm, usam umas mobílias escuras, pesadas, muito pirosas, claramente ao gosto russo-chinês. Coisas com muitos espelhos, dourados, terríveis. Não há um hotel 5* nestas duas importantes cidades históricas. Espero que quando abrirem ao investimento estrangeiro a coisa melhore.

Até ao momento, escapam melhor:

Sherazade 3* em Khiva, familiar, decorado com artesanato bonito 

Bek 4* em Khiva, grande, moderno e menos horrível do que a maioria 

Minzifa boutique em Bukhara, sem dúvida o melhor até agora, embora mais se assemelhe a um riad modesto 

Zargaron Plaza 4*, quartos enormes, muito bem mantidos, mas fora do centro. 


Photo by Raquel Ribeiro

Eu cá vou beneficiando de ainda ser um destino pouco conhecido e com work in progress; como viajante adoro, mas como agente é preciso mais.

Beijos.     


terça-feira, 7 de maio de 2019

Alguns dos melhores trilhos do mundo para caminhar

Prepare as botas de caminhada e os casacos impermeáveis! Abaixo pode ler quais são alguns dos melhores trilhos do mundo, que incluem desde uma caminhada feita por um poeta japonês, até uma visita à população de gorilas no Uganda. Podem ser rotas desafiadoras, mas a experiência por elas oferecida compensa todo o esforço investido.


Photo by Annie Spratt on Unsplash
Pennine Way, Reino Unido
Com mais de 400 km desde o Peak District até à fronteira escocesa, a Pennine Way é o trajecto mais célebre do Reino Unido.
A caminhada leva 3 semanas, passando por pântanos selvagens a Este de Manchester antes de cruzar a antiga fronteira da Muralha de Adriano, continuando depois até à Escócia.
Se é um fanático do ar livre, entusiasta de campismo ou se consegue lidar com as inexplicáveis mudanças do clima britânico, este trilho é para si.

Photo by Jorge Flota on Unsplash

Camino de Santiago de Compostela, Espanha
Em vez de seguir um caminho apenas, o Camino de Santiago permite, na verdade, seguir uma série de diferentes rotas de peregrinação. Todas elas têm como destino o santuário do Apóstolo Santiago, na catedral de Santiago de Compostela. A rota mais conhecida segue a linha do Norte de Espanha e dos Pirenéus Franceses.
Caso não queira ficar em hotéis e quiser ter uma aventura em grande, pode sempre optar por pernoitar em mosteiros.

Photo by AJ on Unsplash

O viajante Basho, Japão
O Japão possui inúmeros trilhos antigos, ligando cidades e templos únicos, e este não é excepção. Esta jornada, de seis dias, começa em Sendai e percorre a região Tohoku, passando por Hiraizumi – património da UNESCO – e pelo caminho de Dewa Kaido, com as suas florestas de faias e cerejeiras. Mas sabe o que é o mais interessante desta rota?  Segue o caminho feito pelo poeta Matsuo Basho, há mais de 300 anos!

Photo by Diego Jimenez on Unsplash

Secção de Jinshanling da Grande Muralha, China
Passear pela Grande Muralha da China no ponto turístico de Badaling pode ser uma experiência stressante porque, para além de cansativa, está repleta de multidões e vendedores ambulantes. A solução é substituí-la por Jinshanling, que oferece a oportunidade perfeita para explorar uma secção íngreme e bem conservada deste verdadeiro ícone chinês. Apesar de extenuante, a vista é verdadeiramente surpreendente e acredite que faz o cansaço valer a pena.

Photo by Francesco Gallarotti on Unsplash

Percorsi Occitani, Maira Valley, Italia
Através dos seus caminhos anciãos, o Percorsi Occitiani é uma viagem atrás no tempo. Muitos moradores ainda falam a língua occitana, e o facto do Maira Valley ser tão remoto faz com que seja um dos lugares mais genuínos do norte de Itália.
Ligando aldeias e vilas, esta rota de nove dias inclui escaladas em zonas muito desafiantes. Se percorrer este trilho, vai encontrar nos vales verdejantes e nas montanhas um refúgio que compensa visitar.

Photo by Sebastian Unrau on Unsplash

Bwindi Impenetrable Forest, Uganda
Se procura um passeio pela vida selvagem, uma viagem à Bwidi Impenetrable Forest, no Uganda, é uma das melhores opções. Dá-lhe a oportunidade de ver de perto a população local de gorilas da região. Geralmente, aconselha-se a viagem a grupos até 8 pessoas.

Photo by Laura Filipe

Monteverde Cloud Forest Reserve, Costa Rica
O melhor sítio para explorar a biodiversidade da Costa Rica é na Cloud Forest Reserve, em Monteverde. A reserva tem uma série de caminhos bem marcados, ideal para os aventureiros que gostem de um passeio fácil. Ao longo deste trilho tem a oportunidade de ver, de perto, a vida das aves e a flora da área, sem ter que fazer as malas para uma caminhada de vários dias! Orquídeas, samambaias e musgo abundam e, com um pouco de sorte, pode ver um quetzal colorido a voar.