Photo by Raquel Ribeiro
Africa é mais estranha em cada canto, não adianta quanto
achas que sabes.
Esta é seca. O ar é seco. O pó esvoaça. O céu é baço. Essa
opacidade doentia quebra as referências da verdura opulenta ou do céu
redondamente azul de outras vivências.
Mas as vozes, os gritos, as músicas e os mercados são
indefectíveis.
Das janelas dos quartos há missas, pregações, políticas e
batuques.
As lendas podem ser variadas, os petiscos surpreendentes,
mas o gregarismo indolente de borda de estrada, o desleixo, o lixo, o langor
primário dos corpos, a esperança a mais, os politeismos antigos e modernos, são
desesperantemente contínuos em todo o continente para quem tiver impaciência
fazedora.
A Mariana é uma romena de ascendência húngara e alemã que se
apaixonou por um guineense que estudava no Leste comunista. Aos 23 anos veio
viver para a Guiné e teve 4 filhos. Fala um português escorreito e quer morrer
em Portugal. Fundou ONG, abriu hotéis, trabalhou no governo. Fala crioulo e não
tem medo de ninguém. É graças à sua história admirável que conhecemos o país à
luz dos seus projectos. É um Turismo muito diferente de qualquer outro. Há as
lendas dos panos, das esteiras, da olaria, das cerimónias. Ela é etnografa. E
nós somos aprendizes.
Com ela trabalha a Ana, uma bióloga espanhola que é quem lhe
trata do Marketing, e bem.
Ambas são muito afectuosas.
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