Photo by Raquel Ribeiro |
Colunas de mosquitos formam-se nas margens do lago Niassa, mas muito longe, do lado do Malawi. Não chegarão cá.
Hoje de manhã não há vento. As águas do lago estão translúcidas. Percebe-se onde estão as rochas e os troncos de árvores apodrecidos.
Os improváveis gatos europeus de cauda farfalhuda escondem-se no capim metamorfoseados de parentes primevos.
Ontem à noite ouvi histórias de aventura e resistência de quem cá vive emigrado há décadas. Fui para a cama ler um livro americano enquanto ouvia os batuques de festa na aldeia. E todas as inspirações contraditórias e estranhas que me assomavam aumentavam o sentimento da Africa para sempre impenetrável, misteriosa e indecifrável.
É difícil comunicar, é duro mudar e é frustrante tentar mudar os outros aqui. Percebe-se o abandono, a resignação ou, em alternativa, a loucura.
E respeita-se a imobilidade da sobrevivência, a rotina dos ciclos.
Somos tratados com carinho pelos "papás" honorários do Mbuna Bay Lodge, Rebeca e André, e a sua equipa.
Há quem esteja aqui há meses.
Não temos pressa de ir embora.
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