A origem do
beijo na bochecha, e como evitar dar um faux pas social onde quer que esteja.
Ao contrário de um
simples aperto de mão ou abraço, as circunstâncias que justificam o beijo diferem
de cultura para cultura: em Espanha, é comum dar um beijo em cada bochecha; em
algumas partes do Afeganistão, costuma-se beijar até oito vezes. Assim
percebemos que os beijos na bochecha são mais arte do que ciência. Para os
viajantes, uma compreensão básica de como isto funciona é essencial - porque o
movimento errado pode ofender alguém. Abaixo segue um guia para evitar que seja
apanhado desprevenido com um beijo de um local bem-intencionado.
by rawpixel on Pixabay
As origens
No seu novo livro "One Kiss or Two: In Search of the
Perfect Greeting", Andy Scott especula sobre a origem da tradição do
beijo na bochecha, e remete para o beijo na boca sagrado que está enunciado na
Bíblia.
Com o
tempo, é possível que esta saudação tenha evoluído para um beijo na bochecha, o
que explicaria o porquê de este ser tão popular nos países católicos. Apesar
desta prática ser comum também em sítios como o Médio Oriente e a Ásia, é
omnipresente na América Latina e na Europa Continental.
Scott diz
que este era um costume camponês, que foi adoptado pelas elites quando as
classes mais baixas começaram a migrar para as cidades.
A teoria
Não só é
importante saber em que ocasião terá de virar as bochechas, mas também perceber
quantos beijos esperar. Só na França, o número de beijos varia de região para
região, de acordo com uma pesquisa feita em 2014 a 100.000 cidadãos: os
parisienses consideram que a norma são 2 beijos, em Provença são 3, e no Vale
do Loire são 4. Aqui está o número habitual em alguns países:
Um beijo:
Colômbia, Argentina, Chile, Peru, Filipinas
Dois
beijos: Espanha, Itália, Grécia, Alemanha, Hungria, Roménia, Croácia, Bósnia,
Brasil (apesar de, como na França, o número poder variar de região para região)
e alguns países do Médio Oriente (excepto quando é um cumprimento entre sexos
diferentes)
Três
beijos: Bélgica, Eslovénia, Macedónia, Montenegro, Sérvia, Holanda, Suíça,
Egipto e Rússia (acompanhado com um abraço apertado)
A prática
Um beijo,
pelo nome, tem diferenças encantadoras - chama-se el beso em Espanha, beijinhos
em Portugal, beijos no Brasil e beso beso nas Filipinas - mas a
logística é simples: tocar a sua bochecha direita na da outra pessoa antes de
se mover para o outro lado. A principal excepção é a Itália, que inicia o beijo
pelo lado esquerdo.
Enquanto
algumas culturas aplicam mesmo os lábios nas bochechas, é melhor abster-se
disso. Em vez disso, toque com as bochechas e beije o ar – com um som suave, e
não o bombástico muah! – evitando qualquer troca de saliva. Porquê?
“Alguns
diriam por causa do batom”, diz Scott. “Outros diriam para evitar a propagação
de germes”. De facto, em 2009, O The
Telegraph relatou que muitas instituições francesas proibiram,
temporariamente, os beijos na bochecha, para evitar o surto de gripe suína
H1N1.
Alguns cuidados
Na América
Latina, é normal cumprimentar alguém que acaba de conhecer com um beijo, sendo
isso equivalente a um aperto de mão na América do Norte.
“Estranhamente,
há uma correlação inversa (em muitos lugares) entre o número de beijos e o quão
próximo e íntimo você está com essa pessoa”, diz Scott. “É como se o segundo
beijo, de alguma forma, anulasse o significado do primeiro beijo. Em vez de ser
um sinal de intimidade, é como um ritual.”
A dinâmica
de género também é considerada importante. Na Europa e na América Latina,
cumprimentos com beijos entre mulheres e mulheres, e entre mulheres e homens é
amplamente aceite. Por outro lado, beijos entre homens e homens não são tão
comuns, ocorrendo em lugares como a Argentina, a Sérvia e o sul de Itália. Como
seria de esperar, beijos entre homens e mulheres são desaprovados em regiões
mais conservadoras, enquanto que um beijo na bochecha entre homens é bem-vinda.
Com estas armadilhas já reveladas, Scott encoraja os
viajantes a deixarem-se ir, mesmo no risco de darem um passo em falso.
Sem comentários:
Enviar um comentário