Descubra o Japão pelo roteiro de 18 dias de Filipe Morato do blog Alma de viajante.
O Japão é um país fascinante, diversificado e geograficamente muito vasto. É por isso que planear uma viagem ao Japão é tão difícil. O roteiro proposto tem 16 noites / 18 dias de duração e centra-se no eixo Tóquio – Kanazawa – Hiroshima – Kyoto.
Muito ficou de fora, é certo, mas posso dizer que este
itinerário permite conhecer muito do melhor que o país tem para oferecer, a um
ritmo equilibrado. Só tenho mesmo pena de não ter ido ao Monte Koya – que,
mesmo sem conhecer, aconselho vivamente a incluir no seu roteiro no Japão,
especialmente se tiver 14 ou mais dias para dedicar ao país.
Dito isto, encare este roteiro de viagem ao Japão como um
ponto de partida para elaborar o seu próprio itinerário, de acordo com os seus
interesses e tempo disponível. Vamos a isso!
Dia 1: chegada a
Tóquio
O primeiro ramen da viagem, no restaurante Afuri em Harajuku
Cheguei ao aeroporto de Narita, localizado a mais de 60
quilómetros do coração de Tóquio, ao início da noite, razão pela qual nada fiz
neste dia. Apanhei o comboio entre Narita e o centro de Tóquio e instalei-me no
meu micro apartamento na zona de Harajuku; já passava da meia-noite quando fui
comer o primeiro de vários ramen ao Afuri, antes de ir dormir e tentar
recuperar do jet lag.
Dia 2: Tóquio
(Tsukiji, Ginza, Palácio Imperial)
De manhã cedo, fui visitar o Mercado Tsukiji, tido como o maior
mercado grossista de peixe do planeta.
Depois atravessei o bairro de Ginza em
direção ao Parque Hibiya e, sem qualquer planeamento, acabei por aproveitar uma
coincidência de horários e integrar uma visita guiada ao Palácio Imperial (que
não recomendo).
De regresso à minha base em Harajuku, fui conhecer o café
Deus Ex-machina, que viria a ficar entre os meus cafés favoritos em Tóquio.
Para terminar, segui a pé até Shibuya para jantar, sentir a cidade de Tóquio à
noite e vislumbrar o famoso cruzamento. Foi um dia muito preenchido e
extenuante.
Dia 3: Tóquio
(Asakusa, Ueno, Shimokitazawa)
De manhã, aproveitei para caminhar pela zona residencial de
Omotesando, um bairro bem tranquilo de que gostei muito. O objetivo era
conhecer mais um café que tinha referenciado e depois apanhar o metro para
Asakusa, onde visitei o demasiado movimentado Templo Senso-ji.
Estando na parte leste da cidade, aproveitei para conhecer o
Parque Ueno e, num impulso, acabei por visitar uma zona menos conhecida de
Tóquio chamada Yanaka. Ia à procura do lado mais tradicional da capital
japonesa (depois de ler uma caixinha de texto num guia de viagens), mas acabei
desiludido.
Foi então que, aproveitando a excelente rede de metro de
Tóquio, continuei para Shimokitazawa, o bairro vintage de Tóquio – seguramente
um dos bairros mais interessantes da capital japonesa.
Longe de terminado, o dia ainda me reservava duas
experiências que a todos recomendo. Para jantar, fui comer yakitoris ao chamado
Piss Alley, junto à estação de Shibuya; e, depois, houve ainda tempo para ir
beber um copo a Golden Gai, a área mais surpreendente da movida de Tóquio. Só
então chegou a hora de descansar para a visita a Nikko, programada para o dia
seguinte.
Dia 4: Daytrip a
Nikko
Gojūnotō, o pagode de cinco andares do complexo de templos
de Nikko
Dia quase inteiramente dedicado a visitar Nikko e o seu
complexo de templos classificado pela UNESCO como Património Mundial no Japão.
De regresso a Tóquio, tive ainda tempo para conhecer
Akihabara, a meca da eletrónica e do anime, onde me impressionei com as
pachinko e visitei a incrível loja Mandarake. É outro mundo!
Nota: Apesar da viagem ser mais longa, comprei o Japan Rail
Pass apenas para 14 dias e, contas feitas, decidi não o usar no início da
viagem. Ativei-o para ser válido a partir deste dia e, assim, usei-o desde este
momento até terminar a viagem, no aeroporto de Osaka. Só não o tive disponível,
portanto, para a viagem do aeroporto de Narita para Tóquio e para o metro nos
primeiros dias.
Dia 5: Tóquio
Convidados usando o tradicional kimono num casamento que presenciei
no Templo Meiji Jingu, Tóquio.
Tinha deixado para um domingo a exploração da zona de
Harajuku, muito especialmente o Parque Yoyogi e toda a área envolvente. É o dia
em que as cosplay se juntam em Harajuku!
Neste dia, assisti a múltiplos casamentos no Templo Meiji
Jingu; percorri a Rua Takeshita, apreciando as cosplay afirmando a sua
individualidade; fui tomar café ao Little Nap Coffee Stand, seguramente um dos
melhores cafés de Tóquio (pelo menos para mim); passeei no Parque Yoyogi de
manhã e de tarde, apreciando a diferente “fauna” que o frequenta; e tive ainda
oportunidade de percorrer a Avenida Omotesando e de experimentar um restaurante
vegetariano divinal.
Dia 6: Jigokudani e
Matsumoto
Não estava originalmente nos planos mas, à última hora,
acabei por decidir visitar os macacos das neves de Jigokudani. Queria formar
opinião sobre essa “atração”.
Para isso, acordei muito cedo e segui de comboio de Tóquio
para Nagano. Mesmo em frente à estação de comboios de Nagano, apanhei um
autocarro até perto do parque Jigokudani, onde todas as manhãs os macacos das
neves se banham nas águas quentes da região.
Depois regressei a Nagano, onde almocei uma deliciosa soba e
parti novamente de comboio para Matsumoto. Estava cansado, pelo que apenas deu
para um passeio noturno em busca de um local para jantar e pouco mais.
Dia 7: Matsumoto e
ryokan nos Alpes Japoneses
O principal motivo da minha passagem por Matsumoto era
visitar o seu castelo, tido como um dos mais importantes do Japão. Foi o que
fiz durante a manhã.
À tarde, rumei de autocarro a Okuhida Onsen, onde vivenciei
uma das experiências mais aguardadas desta viagem: pernoitar num ryokan com
onsen (águas termais) privativo e provar uma refeição ao melhor estilo kaiseki.
Uma experiência que, não sendo barata, aconselho vivamente pelo menos uma vez
na vida.
Dia 8: Takayama
No dia seguinte, com a alma e o estômago deliciados pelo
pequeno-almoço tomado no ryokan, apanhei novo autocarro para Takayama, uma
cidade com um mercado matinal muito interessante (estava quase a fechar quando
cheguei) e uma zona histórica repleta de casas tradicionais de madeira, que
explorei tranquilamente. E assim passei a tarde, passeando pelas ruas charmosas
de Takayama.
Dia 9: Shirakawa-go
Queria conhecer as casas de arquitetura de estilo
gassho-zukuri, típicas das aldeias das regiões alpinas de Shirakawa-go e
Gokayama.
Para tal, de manhã apanhei um autocarro desde Takayama para
Ogimachi, a principal aldeia de Shirakawa-go. Deixei a mochila na pequena
estação de camionagem e fui explorar a aldeia; de permeio, entrei por
casualidade num restaurante local onde desfrutei de uma das melhores refeições
do Japão.
Ao início da noite, um novo autocarro deixou-me no coração
da cidade de Kanazawa. Antes de recolher ao fantástico hotel onde dormi, tive
ainda tempo para a primeira de duas refeições absolutamente memoráveis em
Kanazawa.
Nota: para uma experiência mais enriquecedora, considere a
hipótese de dormir numa das aldeias de Shirakawa-go ou Gokayama.
Dia 10: Kanazawa
Havia muitas coisas que queria ver e fazer na cidade e, por
isso, o dia começou cedo. Visitei o fantástico Mercado Omicho e comi sushi e
ostras; parei num café delicioso para descansar; vi as exposições dos museus de
Arte Contemporânea e D. T. Suzuki; conheci um dos jardins mais famosos do
Japão; percorri as ruelas do pequeno mas bem arranjado “bairro das gueishas“; e
ainda me deliciei com outra daquelas refeições dos deuses. Foi um dia perfeito
em Kanazawa.
Depois de tudo isto, Kanazawa entrou com toda a facilidade
para o meu top dos melhores destinos do Japão. Pareceu-me, inclusive, uma boa
cidade para se viver no Japão.
Dia 11: Castelo de
Himeji e Hiroshima
Beneficiando do Japan Rail Pass, subi a bordo de um
Shinkansen – os comboios-bala japoneses – que me levou de Kanazawa a Himeji. O
objetivo era pernoitar em Hiroshima mas, a caminho, aproveitar para visitar o
Castelo de Himeji. Tido como um dos mais emblemáticos castelos japoneses e
classificado pela UNESCO como Património Mundial do Japão, o Himeji não
desiludiu.
Após a visita e um almoço retemperador, apanhei novo comboio
para Hiroshima, onde ainda tive tempo de provar uma okonomiyaki num estranho e
claustrofóbico complexo dedicado unicamente a esta iguaria da gastronomia
nipónica.
Dia 12: Hiroshima e
Miyajima
Manhã cedo, passei diante do Memorial da Paz e fui de
seguida visitar o Museu da Paz de Hiroshima, que retrata o lançamento da
primeira bomba atómica com uma crueza dolorosa. É uma experiência dura e
emotiva, que recomendo a todos. Incluir ou não Hiroshima no itinerário tinha
sido uma das grandes dificuldades do planeamento da viagem ao Japão. Mas ainda
bem que o fiz.
Depois disso, e ainda de manhã, rumei à ilha de Miyajima para
conhecer um pouco da ilha e o famoso torii gigante.
De regresso a Hiroshima, peguei na bagagem no hotel-cápsula
e apanhei novo Shinkansen rumo a Kyoto – último destino da viagem -, onde
cheguei já ao anoitecer.
Nota: se tiver tempo, considere a hipótese de dormir em
Miyajima e seguir viagem no dia seguinte.
Dia 13: Kyoto
(Arashiyama, Mercado Nishiki, Pontocho e Gion)
A primeira manhã foi dedicada a conhecer a belíssima zona de
Arashiyama. Atravessei a famosa floresta de bambu, absorvi o ambiente
tradicional do bairro de Arashiyama e fui conhecer o mais bizarro templo de
Kyoto. Depois de almoçar, sem sair de Arashiyama, explorei o muito visitado
Templo Tenryu-ji.
Segui depois para o centro de Kyoto com o objetivo de
visitar o muito apelativo Mercado Nishiki. Já a tarde ia alta quando, por
sugestão de um habitante local, fui conhecer a peculiar Pontocho, uma das mais
bonitas ruas de Kyoto, onde escolhi um pequeno restaurante tradicional para
jantar.
Já de noite, explorei tranquilamente Gion, o bairro das
geishas de Kyoto, antes de regressar a Arashiyama, onde estava alojado. Era uma
semana em que a floresta de bambo estava iluminada a partir do final da tarde,
razão pela qual acabei por voltar para presenciar esse espetáculo de luz que
transformava por completo a “floresta”.
Dia 14: Kyoto
Dia de pausa, em que aproveitei para adiantar alguns textos
para o Alma de Viajante. O tempo estava chuvoso, perfeito para não fazer nada.
Com o cansaço acumulado de duas semanas intensas a explorar o Japão, estava a
precisar de parar um pouco e descansar fisicamente.
A meio da tarde, fui para o centro de Kyoto, regressando ao
Mercado Nishiki para provar algumas iguarias em falta. Para além de um
magnífico ramen sorvido no Ipuddo, foi a única coisa digna de registo que fiz
neste dia.
Dia 15: Nara
Dia dedicado a visitar Nara, que fica a sensivelmente duas
horas de viagem de comboio a partir de Kyoto. Não fiquei apaixonado por Nara
mas, incluí-la no roteiro de viagem ao Japão foi, ainda assim, uma decisão
acertada. Ao final da tarde, optei por regressar ao apartamento em Kyoto, comer
em casa e preparar os próximos passos.
As previsões meteorológicas anunciavam um dia seguinte bem
mais soalheiro, razão pela qual o reservei para visitar algumas das maiores
atrações de Kyoto. Seria, de novo, um dia muito exigente.
Dia 16: Kyoto (Templo
Dourado, Fushimi Inari, Kiyomizu Dera)
Dia intensíssimo para explorar o que ainda me faltava de
Kyoto. Ainda antes das bilheteiras abrirem, estava já à porta do Templo
Kinkaku-ji, ou Templo Dourado, localizado no extremo noroeste da cidade. Não
muito longe ficava o Templo Ryoan-ji, cujo jardim zen fiz também questão de
visitar.
Ambos estão entre os melhores templos de Kyoto.
De seguida, atravessei a cidade para o extremo oposto,
seguindo de comboio rumo a Inari, onde me delonguei pelos trilhos entre torii
do Fushimi Inari. Ainda com energia, decidi dar uma oportunidade ao Templo
Kiyomizu Dera – e ainda bem que o fiz. Foi uma das maiores surpresas da minha
visita a Kyoto.
Deixando Kiyomizu Dera para trás, caminhei pelas ruas
tradicionais envolventes. É uma zona recheada de casas de madeira muito
bonitas, de arquitetura tradicional, que a todos recomendo. Foi por aí que
avistei uma ou outra maiko – aprendiz de geisha – impecavelmente vestida e
maquilhada (note que há turistas japonesas vestidas de maiko, mas a atitude de
menor recato denuncia o embuste). Para terminar, parei no 100% Arábica, um
pequeno café de culto de Kyoto. Foi um dia perfeito, quase a terminar este
roteiro de viagem no Japão.
Dia 17: Osaka
Como tinha voo ao final do dia, decidi conhecer um pouco da
cidade de Osaka. Infelizmente, estava um temporal medonho, com muito vento e
frio, razão pela qual acabei por não aproveitar tão bem como tinha idealizado.
Ainda assim, deu para ficar com uma boa ideia da zona de Dotombori, onde passei
boa parte da tarde.
(Dia 18: viagem de
regresso)
Dia passado a bordo de dois aviões de regresso a Portugal.
Fonte: Alma de viajante | Veja o artigo completo aqui.
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