quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Sibiu, onde os telhados têm olhos

Desvende a cidade "onde os telhados têm olhos" pela voz de Filipe Morato do blog Alma de viajante.


Organizada em torno de três praças literalmente chamadas de Praça Muito Pequena, Praça Pequena e Praça Grande -, a Cidade Alta é o centro nevrálgico de Sibiu. É lá que se concentra a maior parte dos monumentos e atrações urbanas.

Pelas suas dimensões – terceira maior cidade da Transilvânia -, Sibiu poderia ter perdido o charme típico das cidadezinhas medievais da Transilvânia. Não é, felizmente, o caso. Talvez por ser um dos centros universitários mais importantes da Roménia, Sibiu não é uma cidade de fachada, à espera dos turistas. Sibiu tem alma.

Encontrei, pois, uma cidade jovem, voltada para as artes, a pulsar de criatividade e culturalmente vibrante. E isso torna-a fascinante. Se eu já tinha ficado encantado com a beleza de Sighisoara – a “pequena pérola da Transilvânia” -, Sibiu é porventura ainda mais especial.

A minha visita a Sibiu


Eu cheguei a meio da tarde de um dia soalheiro e, após um curto descanso, fui explorar a cidade. Por coincidência, nos dias em que visitei Sibiu, aliás, estava a decorrer o Festival Internacional de Teatro de Sibiu, tido como um dos maiores festivais de teatro do planeta.

O ambiente era, por isso mesmo, de festa. Mas, por causa do festival – que sem dúvida alegrava o centro histórico de Sibiu -, havia palcos, grades, instalações artísticas e estruturas publicitárias nas diversas praças. E isso retirava beleza ao espaço público. Nada a fazer. Era o preço a pagar pela animação cultural que se vivia em Sibiu em tempos de festival.


Pela positiva, esse excesso de estruturas foi também um pretexto para me afastar da Praça Grande e da Nicolae Balcescu – a principal artéria pedonal do centro, bastante larga e com restaurantes, geladarias e múltiplas esplanadas sempre cheias – e apreciar a arquitetura tipicamente germânica das ruas mais pequenas e aproveitar para descer até à chamada Cidade Baixa, ali ao lado.

Unidas por artérias como a pitoresca Pasajul Scarilor (Passagem das Escadas), as duas partes da velha Sibiu – a Cidade Alta, com as suas igrejas e monumentos históricos, e a Cidade Baixa, com pracinhas acolhedoras e ruelas pavimentadas com pedras – são o epicentro de um povoado fundado há mais de 800 anos por colonos alemães, conhecidos como Saxões da Transilvânia. Felizmente, boa parte desse património arquitetónico mantém-se de boa saúde.


Sibiu escapou a boa parte da destruição provocada pelas grandes guerras; tal como escapou aos planos urbanísticos de Nicolae Ceausescu que fizeram desaparecer muito do património edificado noutras partes da Roménia. Mais recentemente, beneficiou com a nomeação para Capital Europeia da Cultura (2007), oportunidade aproveitada para reabilitar o riquíssimo património arquitetónico da velha Sibiu.

E a verdade é que há muito para desvendar e observar e contemplar.

Mesmo as coisas simples, como os “olhos de Sibiu”. Arquitetonicamente falando, o facto das janelas dos sótãos das velhas residências parecerem ter olhos foi uma das coisas mais curiosas e fascinantes em que reparei enquanto caminhava a pé pelas ruas de Sibiu. Como se estivessem a observar tudo o que se passa à sua porta. Literalmente.

A luz matinal de Sibiu


No segundo e último dia em Sibiu, acordei muito cedo para fotografar o amanhecer na cidade.
Conscientemente, não visitei nenhum museu, igreja ou o que fosse. Vagueei, simplesmente, pelo ambiente medieval do centro histórico da belíssima cidade de Sibiu. Sentei-me nos bancos da Praça Grande, conheci cafés como o Arhiva de Cafea si Ceai, deixei-me estar, desfrutando do ambiente descontraído sem pressas nem planos. A luz estava mágica, e dei por muito bem empregue a urgência matinal.

Horas depois, enquanto seguia de autocarro para Alba Iulia, só pensava como às vezes, ainda hoje, os locais me surpreendem. E isso sabe tão bem…

Sim, cheguei a Sibiu sem grandes expectativas e saí de lá conquistado. Tenho aliás para mim que é das cidades mais cativantes da Transilvânia.


Fonte: Alma de viajante | Veja o artigo completo aqui.

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