segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Há empresas a combinar Inteligência Artificial e Internet das Coisas para melhorar a segurança do turista solitário. Porque muitos destinos de sonho também escondem riscos.

O que têm em comum São Paulo, Cairo ou Kingston, além de prometerem umas férias inesquecíveis por boas razões? O facto de figurarem em listas dos sítios mais perigosos para se visitar sozinho – especialmente para mulheres. A segurança pessoal é uma prioridade e nos últimos anos têm surgido diversas soluções tecnológicas: desde alças anti-roubo para câmaras até carteiras que bloqueiam se forem furtadas, passando ainda por fechos portáteis para reforçar portas ou aplicações móveis que ajudam a encontrar embaixadas, gravam sons e vídeo em caso de assalto ou simplesmente alertar a família. De entre as muitas soluções possíveis, focamo-nos numa startup que passou em 2017 pela Web Summit em Lisboa e que vai lançar em breve duas ferramentas que prometem ajudar (seja mulher ou homem, turista solitário ou não) a lidar com alguns riscos.

A solução chama-se WanderSafe, que combina uma aplicação móvel e um dispositivo de segurança pessoal, não violento. Aliando tecnologias diferentes (Inteligência Artificial e Internet das Coisas) a fontes de informação verificadas (bases de dados públicas e crowdsourcing), a WanderSafe dá informações críticas e fornece um equipamento que permite actuar de forma não violenta, alertar família e amigos em caso de problema e conectar-se a outros turistas que estejam na mesma área. Além disso, disponibiliza uma assistente virtual, a Jeni, que ajuda a evitar riscos desnecessários.

O dispositivo, por seu lado, tem o tamanho de uma chave de um carro e permite actuar de quatro formas em caso de risco: tem uma lanterna para iluminar locais sem luz; a mesma lanterna transforma-se num potente strob (uma luz que acende e apaga rapidamente pode servir para desorientar um potencial atacante); um alarme sonoro que debita a 140 decibéis (o que é bastante alto quando comparado com os 150 decibéis medidos à saída de uma coluna de som num concerto rock); e finalmente um botão que, uma vez accionado, envia alertas para três contactos previamente escolhidos pelo utilizador – e não precisa de ter sequer o telemóvel por perto ou ligado.

O funcionamento é independente: pode-se usar a app sem usar o dispositivo, mas combinar as duas ferramentas é a melhor forma de juntar os três requisitos para viagens mais seguras – “informação preventiva; equipamento e consciência do contexto”. Esta é a explicação de Stephenie Rodriguez, 49 anos, que diz ter viajado por 53 países até agora, sempre sozinha, e que acabou por criar algo de que ela própria sentia falta. A app recorre a plataformas como a Crimestoppers, bases de dados públicas ou informaçoes canalizadas por outros viajantes para sinalizar zonas complicadas, descrever o tipo de riscos numa área, podendo enviar notificações aos utilizadores. Assim, ninguém é apanhado desprevenido. Um exemplo: o muito popular eléctrico 28, em Lisboa, é conhecido por ser terreno fértil para carteiristas. Qualquer turista que pretenda embarcar é antecipadamente avisado do risco potencial pela app. E caso alguma coisa corra mal, tem o dispositivo que lhe permite responder de forma não violenta.

Depois de duas startups ligadas aos media e à indústria hoteleira, Stephenie criou a terceira, a Jozu for Women (“jozu” é japonês e significa qualquer coisa como “fazer bem”), com a qual esteve na Web Summit 2017.

Antes de partir, use o Registo Viajante

Avisar o Governo de que vai viajar parece uma ideia descabida, mas se o destino é perigoso, ou supõe a existência de algum risco, talvez não seja tão má ideia. Foi para isso que em Portugal foi lançada a aplicação Registo Viajante (disponível gratuitamente para iOS e para Android).
Lançada em Janeiro de 2017 pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, esta aplicação móvel destina-se a todos os residentes em território português, cidadãos portugueses, com dupla nacionalidade ou lusodescendentes que residam noutro país e é aconselhada para todos aqueles que vão deslocar-se em viagem, mesmo que seja de curta duração. 
Através desta app pode registar-se o destino, o percurso, as datas, os dados de quem viaja e, desse modo, ser contactado ou mais facilmente localizado em situações extremas como catástrofes naturais, alteração da ordem pública ou acidentes.
O registo é feito uma vez, devendo ser activado de cada vez que se viaja. Quem nela se inscreve pode "receber recomendações de segurança sempre que se justifique, informações gerais de segurança sobre os países a visitar, indicações de contacto em caso de crise grave", como embaixadas e rede consular, podendo mesmo "ser localizado através do sinal emitido pelo telemóvel".
É uma forma gratuita de garantir um apoio suplementar de segurança, mas a actuação das autoridades cinge-se às situações extremas descritas e, nesse sentido, difere das soluções empresariais disponíveis no mercado, que são pagas e têm um alcance distinto, como é o caso do serviço descrito no texto ao lado. V.F.

Fonte; Público - Victor Ferreira (https://www.publico.pt/2018/08/25/fugas/noticia/como-evitar-riscos-quando-se-viaja-sozinho-1841606) 

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