terça-feira, 30 de abril de 2019

A Paula foi ao Egipto e contou-nos tudo - Parte 3

Photo by Paula Alves

A visita a Abu Simbel obrigou-nos a levantar às 3h30, mas é algo realmente deslumbrante.
A estrada que vai lá ter abre para os turistas às 5h e fechas às 16h, e há uma abertura especial escoltada pela polícia antes da meia-noite, para quem vai ver o show de luzes que se inicia às 18h.

Existem várias formas de se fazer esta visita, e todas tem os seus prós e contras.
Existe um Aeroporto em Abu Simbel, portanto é possível visitar-se usando um voo doméstico, e até é possível dormir lá, pois há um hotel 4*.

A viagem de carro fez-se muito bem. Tínhamos ido para a cama às 20h30 e consegui dormir até às 3h, foi óptimo. No carro, levamos as almofadas do hotel e tampões nos ouvidos, então foi ainda melhor! Eles conduzem muito rápido, e tanto a estrada como o carro (van bastante bom) fazem com que se sinta mais a velocidade.

Estava bastante frio, não havia sol nem calor nenhum nesta terra…o clima com 0% humidade é mesmo muito diferente.
Chegámos às 7h50 e já lá estavam cerca de 7 autocarros, mas nem parecia ter muita gente. Aqui é preciso bilhete para tirar fotos. Eles não informam, dizem que a multa por tirar fotos é 300lb o que leva muito gente a pensar que não se pode tirar, simplesmente.
Os senhores que andam por lá a pedir o bilhete também indicam o local das melhores fotos ou tiram, mas querem pilim, gasosa ou gorjeta, como eles já sabem dizer!!

Photo by Paula Alves

O magnífico Templo de Ramsés II e Nefertiti ao lado (e partilhado com Deusa Hator) iam ficar debaixo do Lago de Abu Simbel que foi feito pelo homem quando construíram a barragem de Aswan. Com apoio da UNESCO cortaram as pedras e cerca de 45 mil pedaços, e reconstruíram tudo na margem do lago! Podiam ter levado os templos para Aswan, de forma a facilitar as visitas, mas ter-se-ia perdido o milagre de Ramsés II. No altar que ele construiu, com a figura dele e 3 deuses, o sol entrava 15 minutos pelo templo, no dia 22 de Outubro e 22 de Fevereiro, e iluminava a cara dele. Estes dias, quando os templos estavam no local certo, eram 21 de Outubro e 21 de Fevereiro. Caso os templos tivessem ido para Aswan, perdia-se este “milagre”!

Fizemos umas comprinhas nas tendas junto aos Templos, bebemos um chá, e partimos pelas 9h com regresso a Aswan. Após uma hora fizemos uma pausa para ir à casa de banho e para ver as miragens no deserto, e chegamos ao destino por volta das 12h. Fomos visitar o Templo Philae, que fica numa ilha, e os preços da viagem de barco são negociados pelo guia no momento.
Há artesanato bonito aqui, merece algum tempo livre, mas por opção nossa não incluímos mais visitas.

Apesar de curto, o tempo que passamos em Philae foi bem passado. Tanto o passeio de barco como toda a envolvente são muito bonitos.

Este templo também ia ficar debaixo da água da barragem, mas foi reconstruído noutra ilha, quase ao lado. O Templo de Philae, da deusa Isis, esteve debaixo do Rio Nilo cerca de 72 anos. Antigamente, ia-se de barco ver o topo do mesmo ou entravam pelas janelas na parte mais alta. A pedra ficou preta em muitas zonas por causa da água.

Regressámos ao navio para almoçar às 14h, e só 40min para o fazer, visto que íamos partir de faluca para fazer a visita da Vila Núbia. Resolvi incluir para saber como é, e fiz bem!

Photo by Paula Alves


Saímos de faluca, barco à vela típico, onde um dos jovens núbios que nos conduzia começou a cantar e tocar tambor. Comprei-lhe um colar, uma pulseira e um crocodilo de madeira 😊. Tivemos que passar para um barco a motor para chegarmos ao destino final mais depressa: o vento não era muito e a faluca não é barco que se apresse.

Passamos por várias ilhas pequenas muito belas e paramos numa praia para experimentar as águas do Nilo. Os vendedores são muito insistentes… vêm logo tentar vender alguma coisa, e naturalmente têm sorte muitas vezes.

A água é gelada! E o Henrique mergulhou mesmo…em cheio. A água é transparente, mas está cheia de lixo, e isso foi algo que me incomodou muito. Latas de coca-cola, garrafas de água… enfim.

Photo by Paula Alves

Fomos de camelo até à Vila Núbia, acompanhados de muito lixo na areia… é mesmo uma tristeza. Por outro lado, a Vila está a desenvolver-se bastante bem, com vários alojamentos locais engraçados. Todos vivem do turismo, que está a recuperar, e constroem-se casas novas. Acredito que daqui a uns anos esteja bem melhor. O pior agora é todo o lixo que têm acumulado em todo lado.

As casas são coloridas, típicas e o artesanato é bem giro. A visita valeu a pena porque, para além de ter sido agradável para nós, acabamos por ajudar o povo que precisa de se desenvolver.

A coisa que menos me agradou foi o facto de todos terem um crocodilo em casa, fechado numa gaiola. Não tem graça ver um animal de 2 metros num quadrado de pedra com uma grade por cima. Mas dizem que à noite os soltam no pátio das casas. Espero que sim.

No regresso, assistimos a um casamento de um casal que não era local 😊, não sei de onde eram, ou da Europa, Américas ou Austrália. Estavam todos bonitos, com o povo vestido de branco a cantar e dançar com eles.

Voltamos ao pequeno barco de motor e seguimos para o nosso navio. Passamos em frente ao hotel da Agatha Christie, e tivemos a oportunidade de observar a cidade iluminada à noite. Parece-me muito mais desenvolvida do que Luxor.

Foi um dia em cheio, e foi o que nós mais adorámos. Nem estávamos assim tão cansados. Depois de jantar, com um tema Egípcio, assistimos a uma dança de dervishe, em que a veste do senhor não era muito bonita 😊.
Dormimos e, na manhã seguinte, regressamos ao Cairo, onde tínhamos o representante à nossa espera. Não era Amru, mas outro senhor simpático cujo nome não fixei. Seguimos para almoçar, onde a nossa guia Hoda nos esperava, novamente num barco no Nilo. A entrada era bonita, mas a comida foi o básico… frango grelhado, arroz e batatas fritas congeladas…enfim. As entradas e o pão pita eram o melhor.

Depois de almoço, fomos ver o Museu do Cairo, em que estava tudo aquilo que estava no túmulo do Tutankhamon. A sala das múmias, amazing!! Compra-se um bilhete de 50lb para tirar fotos, mas ninguém anda pelo museu a pedir o bilhete, então era fácil tirar. 😊


Photo by Paula Alves

Depois do Museu, iniciamos o nosso tour do Cairo by night. Passamos pelo cemitério da cidade, e existem casas ao lado dos túmulos. Antigamente, as pessoas ficavam aqui a viver para se esconderem dos Israelitas, que não os iam procurar num cemitério. Agora continuam lá muitas pessoas pobres, que se habituaram a viver ali. O governo tentou realojá-los, mas eles não mostram interesse.

O local, se fosse recuperado, era bem giro. O seu estilo fez-me lembrar os Hutong de Beijing, mas com muito lixo. Isto, talvez, pelo facto de não ser propriamente uma atração turística, mas sim uma curiosidade.

Fomos visitar uma mesquita. Passamos na Rua Moez e fomos ao Mercado Khan el Khalili. Depois de ver o Mercado, que parece igual a todos os outros depois de já ter passado por alguns, encontramos a guia num café, onde bebemos chá, fumamos shisha e seguimos para jantar.

Depois de jantar, passamos para ver algumas luzes e a vista dos hotéis mais importantes junto ao Nilo, e seguimos para o Aeroporto.

Chegámos 3 horas antes do voo e o representante ficou à espera connosco. Eramos os primeiros na fila e ele ficou a guardar o lugar para nos sentarmos. Seguimos no voo noturno até se passou bem.

Saímos do avião e a polícia estava a parar todos para ver o passaporte…bom, ficaram com o Rui… depois de todos saírem e nos deixarem ir à casa de banho, explicaram que ele tinha que ir com eles verificar o nome e passaporte, porque procuravam uma pessoa com o mesmo nome ou um muito parecido. Nós tivemos que ir para a fila normal dos passaportes. Quando saímos ele já estava despachado…não era ele 😊!

terça-feira, 23 de abril de 2019

A Paula foi ao Egipto e contou-nos tudo - Parte 2


Photo by Paula Alves

Chegando a Luxor, o representante local esperava-nos.

O hotel Jolie Ville é algo dos anos 50, que lembra vagamente um espaço colonial africano. Tem uma vista rio ao pequeno-almoço agradável, e o quarto é aceitável. Não é nada de especial, mas as toalhas são surpreendentemente boas, a cama confortável e a água muito quentinha para um banho bem merecido depois de um dia longo no Cairo.

No dia seguinte, após termos dormido bem, o pequeno-almoço foi muito completo. Depois fomos fazer check-in no barco, e almoçamos. A comida foi bastante boa e não houve nada de coisas estranhas! O quarto tinha uma boa apresentação e era bem espaçoso, tendo em conta que estávamos a falar de um quarto num cruzeiro.

Fomos visitar o Templo de Luxor e de Karnak… impressionante! É algo tão magnifico que não tem explicação. A imensidão de tudo coloca-nos num tamanho tão pequeno, que parecemos insignificantes!

O guia de facto debita a história toda e sinto que é um verdadeiro overload de informação… requer algum estudo antes de vir. É bom para quem for historiador ou simplesmente muito culto. Para quem não sabe tanto, o guia poderia fazer só alguns comentários mais simples 😊.

Assim como o primeiro almoço, o jantar no barco também foi muito bom, assim como o pequeno-almoço.

Photo by Paula Alves

Para a visita ao Vale dos Reis saímos do barco às 7h30…bem cedo, mas devido ao calor intenso, e para chegarmos a horas de partir em direção a Esna, não podia ser mais tarde. 
O Vale dos Reis é impressionante…62 túmulos debaixo dos montes de pedra e areia que ali se encontram. Visitamos 3 dos túmulos e demoramos 2h30!
  
Resolvemos não ir ver o Tutankhamon, pois só está lá a múmia dele. Consideramos que compensava mais ir à sala das múmias no Museu Egípcio, que tem lá entre outros. De facto, ninguém sabe bem de onde vem a fama do Tutankhamon. Apenas governou 3 anos, dos 16 aos 19, e não fez nada de extraordinário… mas todos falam muito dele!

Photo by Paula Alves

Depois do intenso Vale dos Reis, fomos ao Templo da Rainha Hatshepsut. Parecia mesmo que tinha nascido no meio do monte, achei magnífico. Isso, e os átrios interiores que lá existiam. Muito interessantes.

Seguimos para o Templo de Ramses III, wonderful! 😊 As paredes trabalhadas na entrada são extraordinárias, e a fachada conta toda a sua história de batalhas. Usava-a como livro, diário, algo único para esta cultura. De facto, foi um povo muito à frente do seu tempo. Ou foram influenciados por deuses, como indicavam nas suas escritas, ou então a teoria dos extraterrestres é mesmo verdade. 😊 Como é possível um povo ter feito tudo o que fez com os recursos existentes na altura?!

Terminámos nos Colossos de Memnon, que tinha um fundo montanhoso incrível. Por volta das 13h30 regressamos ao barco para partir e almoçar. Mais uma vez, desfrutamos de uma boa refeição!



Photo by Paula Alves

A paisagem é única… o deserto, as palmeiras, as casas inacabadas ao longo do Nilo… e muitas vacas africanas! O dia foi passando, e enquanto uns foram ver filmes ou ler revistas de inspiração para próximas viagens, outros foram dormir. Serviram chá, bolos e crepes no terraço da piscina… de lá, conseguíamos ver uns vendedores que prenderam o barco ao nosso, e que foram puxados pelo navio até Esna!

Ao fim do dia, fomos à hora do cocktail, seguida de jantar. No dia anterior houve dança do ventre, mas o sono era tanto que não aguentámos! Para pensão completa, está tudo muito bem organizado.

Na noite de cocktails, todas as pessoas estavam muito bem vestidas e o capitão apresentou a equipa do navio. Os cocktails foram oferta, tendo eles vodka ou não.


Photo by Paula Alves

No dia seguinte, paramos em Edfu para visitar o seu Templo dedicado ao Deus falcão Hórus, o mais bem conservado do Egipto e o segundo maior do país. Às 10h30, regressamos ao barco para continuar até Kom Ombo. Só voltamos a parar às 17h, para visitar o novo Templo dedicado a dois deuses: Haroeris, com cabeça de falcão, e Sobek, deus da fertilidade com cabeça de crocodilo.

Photo by Paula Alves

A navegação no Nilo é linda, calma, e tem uma paisagem que nos remete inevitavelmente ao filme Moisés! É fantástico ver os navios, falucas, o comboio a passear naquela calma com palmeiras ao longo das margens e montanhas desertas como pano de fundo.
Voltamos ao navio, que desatracou às 19h e seguimos até Aswan.

terça-feira, 16 de abril de 2019

A Paula foi ao Egipto e contou-nos tudo - Parte 1

O Cairo não é exactamente o que imaginava…

25 milhões de habitantes numa cidade ao longo do Rio Nilo.

Eu imaginava que era tudo cheio de prédios de tijoleira vermelha inacabada, mas não. Depois de sair do aeroporto, deparei-me com uma enorme via rápida, repleta de outdoors e condomínios luxuosos. Os hotéis eram bonitos e os prédios estavam muito organizados e acabados!

A cidade cresceu muito, especialmente depois da zona financeira, em direção do aeroporto. Sim, quem vive para estes lados demora muito tempo a chegar ao Cairo por causa do trânsito, mas pelo menos existe metro!

Claro que perto do centro a realidade está lá, e dá de caras connosco... tudo pouco cuidado, antigo e caótico para o nosso padrão Europeu de organização de território. O sistema típico dos países africanos, de não cobrarem os impostos até as casas estarem concluídas, acabou, então explica-se a desordem que existe nas zonas antigas de muitas cidades. A primeira vez que vi isto foi em Fez.

Após um dia que se iniciou às 6h e terminou no hotel às 00h30 horas locais, só fiquei verdadeiramente feliz na manhã seguinte quando, depois de dormir não muito bem (ou quase nada, pois a idade já me traz maleitas como estranhar a almofada e a cama), saí do quarto para tomar o pequeno-almoço e dei de caras com a enorme Pirâmide de Quéops... WOW.

Photo by Paula Alves

Ter a possibilidade de estar num lugar com tanto peso histórico... fez-me esquecer todas as preocupações do dia anterior.

As pirâmides são lindas, enormes, e acho mesmo que foram construídas por deuses... homens com uma capacidade de trabalho incrível. Os guias egípcios tentam passar a ideia de que não foi escravatura. Dizem que estes homens fizeram o que fizeram apenas por vontade de servir o rei… mesmo estando calculado que tiveram de pousar uma pedra a cada 9 segundos para conseguir terminar aquilo em 20 anos. Só em Quéops, que foi a maior. Depois dessa, a importância de quem iria lá viver a vida eterna e a economia do país ditaram rapidamente que teriam que fazer um "downgrade" se queriam ter mais alguma!

Photo by Paula Alves

O representante da Promo que nos recebeu, Amru (Amr ou Amrito para amigos), foi muito prestável, sempre pronto a ajudar. Falava muito pouco português, mas um bom portunhol!

A viagem de 40 minutos até ao hotel, Marriott Mena House, fez-se bem. E achei muito mais gratificante ficar naquele hotel pelo impacto de, logo pela manhã, ver as pirâmides. O hotel é muito bonito, tem um jardim LINDO e cuidado e um pequeno-almoço muito bom.

A guia que nos acompanhou durante o dia chama-se Hoda e fala português do Brasil bastante bem. Gostamos muito dela, e ela conseguia adorar tirar fotos ainda mais do que nós.

Assim se passou uma manhã nas pirâmides, e, mesmo assim, não foi muito!

Photo by Paula Alves

De tarde, fomos à Cidadela e Mesquita de Albastro, impressionante. Estivemos lá dentro no momento do chamamento para a reza e, à saída, a guia referiu que estavam ali livros grátis. Perguntou se eu queria um Corão em português, então trouxe-o comigo!
  

Photo by Paula Alves

Depois do show, que terminava às 19:50h, fomos para o aeroporto. O voo foi tranquilo, teve apenas uma hora, e ofereceram-nos algo para beber e umas bolachas deliciosas.

terça-feira, 9 de abril de 2019

A ilha de Monte Cristo apenas permite 1000 visitantes por ano


De Lale Arikoglu – adaptado da CN Traveler



O romance de Alexandre Dumas, escrito em 1844 – O Conde de Monte Cristo – é o tipo de leitura que nos faz querer fazer as malas e descobrir uma ilha deserta só para nós. Hoje em dia este sonho é muito difícil de alcançar, mas pode ter uma experiência equivalente à do livro: a ilha italiana de Monte Cristo (sim, a mesma onde Edmond Dantès descobre a sua arca do tesouro) está aberta a um número limitado de visitantes, duas vezes por ano: de 1 de Abril a 15 de Abril, e de 31 de Agosto a 31 de Outubro.

A cerca de 50 km de Porto Santo Stefano, na Toscana, 15km2 estão fora dos limites para quase todos, graças ao status de área protegida que a ilha mantém desde 1988. A exceção são 1000 turistas por ano, sendo que 600 lugares estão reservados para grupos escolares, e os 400 que sobram devem viajar em grandes grupos com cerca de 40 pessoas, para assegurar o lugar na lista de espera – a melhor opção é juntar-se a uma visita em grupo ou reunir alguns amantes de literatura, antes de fazer o pedido para visitar a ilha.

Chegar a Monte Cristo também não é fácil. Não existe nenhum serviço de ferries, e é preciso uma permissão oficial das autoridades locais, que pode levar até três meses se quiser visitar Villa Reale, e três anos se quiser descobrir os trilhos de caminhada. Aurora Ciardelli, representante do parque nacional do arquipélago toscano, elucida “A ilha não tem horários para os ferries e, portanto, aqueles que recebem a autorização para a visitar devem procurar, de forma independente, um barco que consiga cobrir a distância até à ilha”.

São todas estas burocracias de protecção da ilha que a tornam tão especial. Os seus residentes são muito poucos, então a paisagem da ilha e as espécies raras de vida animal permanecem intactas, e não incomodadas pelos seres humanos. Notavelmente, é proibido nadar, fazer caminhadas por conta própria, e passar a noite. Assim, a única actividade permitida é admirar a natureza magnífica até apanhar o barco de volta. Isso, e procurar o tesouro escondido, claro.

terça-feira, 2 de abril de 2019

5 erros que não vai querer cometer ao visitar Singapura

de Meagan Morrison - adaptado da CN Traveller

Singapura é tão elegante, sofisticada e inovadora quanto pode imaginar: uma metrópole brilhante repleta de arranha-céus e amplos centros comerciais que se equilibram com as paisagens tropicais que lá existem. Chineses, malaios, indianos e expatriados de todo o mundo criaram uma cultura que nem Singapura consegue definir – multiculturalismo no melhor sentido da palavra. É também segura, impecavelmente limpa, e uma porta de entrada para o Sudeste Asiático. Contudo, existem regras que devem ser cumpridas, e há erros que os viajantes geralmente cometem. Veja abaixo quais são e como evitá-los, segundo Murphy Loh, concierge chefe no The Ritz-Carlton, Millenia Singapure.

by John T on Unsplash

1. As pessoas ignoram os hawker centers porque não estão habituadas.

 Em Singapura, a comida é um assunto sério. É, geralmente, o primeiro tema de conversa e uma fonte de opiniões bem enraizadas. Existe uma grande variedade de bons restaurantes sofisticados, cafés boémios e, o mais notável e singapuriano exemplo de todos, os hawker centers – pavilhões onde estão concentrados pequenos restaurantes (à semelhança do Mercado da Ribeira, em Lisboa). Há algumas décadas atrás, o governo decidiu criar um centro para estes vendedores, com o intuito de manter os standards sanitários e de reestruturar a cidade. Esse facto ajudou a transformar Singapura no país que conhecemos hoje. As três cozinhas principais que lá se encontram são a chinesa, malaia e indiana. Existe também cozinha japonesa, tailandesa e americana (hambúrgueres), e alguns misturam a gastronomia dos diferentes países criando uma magia de sabores.
Os pratos dos hawker centers, todos surpreendentemente acessíveis, não vão ser os mesmos que se encontram na China ou na Índia. Isto porque todos os pratos locais de Singapura têm a impressão digital de cada vendedor, através da receita secreta que vai sendo transmitida ao longo das gerações. Toda esta variedade reflecte o multiculturalismo do país. Alguns pratos típicos que devem ser procurados são: arroz de frango, caranguejo em molho picante (chilli crab), espetadas satay e, para os mais aventureiros, raia grelhada. Uma boa ideia é complementar estes pratos com um sumo de cana-de açúcar e uma rodela de limão, ou com a cerveja típica de Singapura, Tiger Beer.

by Poh Wei Chuen on Unsplash
    2. A escolha de vestuário é geralmente feita consoante o clima do equador, e não de acordo com o ar condicionado.

Singapura é um país tropical – fica a cerca de 140 km do Equador – e não tem as estações do ano tradicionais. Ora está um tempo seco ora está húmido, ora está um sol radiante ora está a chover, e quando chove, a chuva é muito forte. Normalmente, esta dura apenas um par de horas, arrefecendo a cidade por breves instantes. Por outro lado, pode também trazer humidade quente e pesada, porém os prédios continuam gelados por causa do ar condicionado. Uma boa sugestão é vestir várias camadas de roupa durante o dia, e ajustar o seu uso tendo em conta a temperatura. O mais aconselhado é visitar as atracções cobertas durante o pico de calor ou das chuvas (que, geralmente, acontecem ao final da tarde) – procure a Cúpula das Flores e a Floresta das Nuvens nos Jardins da Baía (Gardens by the Bay) e a Galeria Nacional de Singapura (National Gallery).
    Tenha também em conta que a moda e as compras têm um papel muito importante no modo de vida do país, portanto arranjar-se para ir tomar o pequeno-almoço, almoço ou jantar não é invulgar. O vestuário utilizado em Singapura pode ser o mesmo vestuário que se vê em qualquer cidade cosmopolita.

by Natasha Kasim on Unsplash

3. Os viajantes andam de táxi e esquecem-se do metro.

Os transportes públicos em Singapura são uma forma muito fácil de percorrer a cidade, seja de metro (Mass Rapid Transit, ou MRT), autocarro, ou até mesmo o teleférico para a Ilha de Sentosa. O metro é dos mais limpos e eficientes do mundo, e deve ser a primeira opção. Em segundo lugar surgem os táxis (existem seis concorrentes principais) e, geralmente, a conversa com os motoristas é esclarecedora, desde o ponto de partida até ao destino. A Grab e a Uber estão a tornar-se populares também.
Apesar da diversidade étnica e da mistura de línguas, o Inglês continua a ser predominantemente usado nos transportes públicos e pelos taxistas. Para além disso, podemos dizer que não seria Singapura se não tivesse algumas regras-chave no que diz respeito aos transportes: primeiro, antes de atravessar a rua, tem mesmo que encontrar uma passadeira, porque o jaywalking leva a uma multa. Depois, não pode comer nem beber nada no comboio - apenas pode dar alguns golos de água muito rapidamente. Por último, no que toca aos táxis, é importante levar dólares de Singapura, porque a maioria deles ainda não funciona com cartões de crédito. Pode esperar também taxistas muito faladores e bem-dispostos. Nota: As sobretaxas nos táxis aplicam-se durante os horários de pico: de manhã, ao anoitecer e depois da meia-noite.

by Farrel Nobel on Unsplash

4. Assume-se o inglês como língua primária e pensa-se que não há nenhuma língua a aprender.

Já ouviu falar de Singlish? É uma parte insubstituível da identidade de Singapura: um dialecto híbrido com palavras emprestadas de diferentes idiomas, que reflectem a composição cultural da cidade e incluem Inglês, Hokkien, Mandarim, Malaio e Tamil. Consegue combinar cinco a seis idiomas diferentes em qualquer frase. “Lah”, por exemplo, é uma expressão Singlish usada para enfatizar uma emoção. Se disser “I’m tired lah” significa que está um pouco cansado, mas se disser “I’m tired LAH!” significa “Estou extremamente cansado por isso deixem-me em paz.” “Can lah” é geralmente usado para dar permissão a alguém (“Sim, claro que podes fazê-lo”). Existe também uma saudação popular: “Eat already or not?” (lido muito rapidamente - “Eatalreadyornot?”). Como a comida é uma parte crucial de qualquer singapuriano, é natural saudar alguém com o seu nível de fome. Por último, “shiok” (pronuncia-se sh-yok) é uma expressão usada para descrever a satisfação pura-  adivinhe quando: no final da refeição. Pode dizer “The chili crab I had at dinner last night was so shiok!” (“O chilli crab que comi ontem há noite era tão shiok!”) e passará por singapuriano.



Photo by chuttersnap on Unsplash

5. Acredita mesmo que não vai ser multado, certo?

Errado (Desculpe!). Quando as pessoas descrevem Singapura, a afirmação “É tão limpo e verde.”  segue-se de uma lista infinita de multas peculiares. Para começar, é proibido comer pastilhas elásticas. Ponto final. Não as pode levar para o país, nem comprá-las lá – embora exista quem vá até à Malásia para comprar um pacote. Em segundo, fazer lixo não é permitido; não há embalagens de doces, sacos de takeout, coffee cups, e a lista continua. É por esta razão que Singapura é tão limpa! As pessoas apenas podem fumar nas áreas designadas para tal, e também levam multa se não descarregarem o autoclismo numa casa de banho pública. Singapura tem um site chamado Stomp (criado pelo Straits Times), onde as pessoas fazem upload de fotos de comportamentos que dão direito a multa, como estacionar num local para deficientes. O país leva estas questões muito a sério. Os polícias com uniforme podem até não estar à vista, mas os à paisana abundam!