sexta-feira, 22 de março de 2019

Quinhamel, Guiné-Bissau - relato da Raquel

Photo by Raquel Ribeiro 

Africa é mais estranha em cada canto, não adianta quanto achas que sabes.
Esta é seca. O ar é seco. O pó esvoaça. O céu é baço. Essa opacidade doentia quebra as referências da verdura opulenta ou do céu redondamente azul de outras vivências. 
Mas as vozes, os gritos, as músicas e os mercados são indefectíveis. 
Das janelas dos quartos há missas, pregações, políticas e batuques.
As lendas podem ser variadas, os petiscos surpreendentes, mas o gregarismo indolente de borda de estrada, o desleixo, o lixo, o langor primário dos corpos, a esperança a mais, os politeismos antigos e modernos, são desesperantemente contínuos em todo o continente para quem tiver impaciência fazedora.


Photo by Raquel Ribeiro 

A Mariana é uma romena de ascendência húngara e alemã que se apaixonou por um guineense que estudava no Leste comunista. Aos 23 anos veio viver para a Guiné e teve 4 filhos. Fala um português escorreito e quer morrer em Portugal. Fundou ONG, abriu hotéis, trabalhou no governo. Fala crioulo e não tem medo de ninguém. É graças à sua história admirável que conhecemos o país à luz dos seus projectos. É um Turismo muito diferente de qualquer outro. Há as lendas dos panos, das esteiras, da olaria, das cerimónias. Ela é etnografa. E nós somos aprendizes. 
Com ela trabalha a Ana, uma bióloga espanhola que é quem lhe trata do Marketing, e bem.
Ambas são muito afectuosas.

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